Por: Adolfo Pacheco
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Em Angola é mais fácil atacar o outro do que comprar pão. Isto pelo facto de não pertencermos ao mesmo grupo ideológico. Por isso, temos visto várias situações de intolerância política noticiadas pelos meios de comunicação social que revelam o quanto somos intolerantes. Isto mesmo, não respeitamos vários princípios democráticos consagrados em nossa Constituição, sistema político adaptado pelo nosso estado petrificado no art.2.º (Estado Democrático de Direito). Nós aceitamos a pluralidade político-ideológica?
Em 2022 presenciamos o conflito que fez vítimas entre os militantes da UNITA e do MPLA no município de Sanza-Pombo, província do Uíge.
A VOA Angola no dia 25 de Setembro de 2017 tinha como lead: “ UNITA promete recorrer à ONU devido a intolerância política”. Como fundamento estava em causa consequência das eleições de 2017, segundo Adalberto da Costa Júnior, as agressões, promessas de morte, vandalização de bens dos seus militantes e o silêncio de certas entidades religiosas e políticas.
O Jornal de Angola de 15/10/2021 tinha como lead: “É preciso cortar a eito a intolerância política”, e em consequência estava a anulação do XIII congresso da UNITA. É possível ler no mesmo jornal sobre a condenação dos Partidos políticos sobre os actos de intolerância política”. No mesmo ano, a página da DW, no seu lead, dizia o seguinte: “Casos de intolerância política continuam impunes em Angola”. Um dos casos mais conhecido de intolerância política foram vítimas do 27 de Maio de 1977.
No campo do comportamento político, a tolerância se refere à atitude de aceitação da fruição de direitos políticos pelos grupos com os quais o indivíduo manifesta forte discordância de projeto político (Sullivan, Piereson e Marcus, 1982). Nesse sentido, a tolerância política se diferencia da tolerância social e do preconceito (Gibson, 2009), já que pressupõe muito mais do que a ausência de estereótipos negativos baseados em características físicas ou elementos culturais e pode existir mesmo na presença destes. Um dos principais preditores da intolerância política, é a percepção de ameaça individual e sociotrópica gerada pelo grupo de discordância (Sullivan, Piereson e Marcus, 1982). (Ribeiro & Fruks,s.d ,p.533)
A intolerância política é um facto que ocorre em todo mundo, Angola não está isenta desse problema. Estaremos perante uma intolerância política, quando um determinado grupo ou projecto político não aceitar conviver com as ideologias contrárias as suas ou quando não aceita as diversidades próprias da democracia. As ocorrências acima referidas mostram o quanto ainda precisamos amadurecer nossa educação democrática, partindo da Instituição família e educação escolar que transcende nas instituições, sendo o espelho daquilo que somos.
Viver na pluralidade política significa perceber que estou em uma comunidade e, o meu eu, juntamente com outros "eu", precisa essencialmente de conviver em aceitar que existem pensamentos e aspirações políticas diferentes, ou seja, o facto de existir modos de ver contrários cria diversidade, isso é fundamental para uma sociedade crescer e desenvolver, isto é, o sentido colectivo. Precisamos urgentemente disso.
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